Tudo parecia tranquilo naquela noite, estava tudo indo tão bem que nada parecia está fora do lugar. Tomei um banho, me arrumei, peguei as chaves do carro e dirigi até a casa dela como de costume.
Assim que cheguei, mandei um sms a ela dizendo que a esperava na porta, ela, como sempre, veio correndo pra me abraçar, e aquele abraço, nossa aquele abraço! Era sempre o melhor do mundo para mim. Entramos e nos dirigimos a mesa onde os pais delas se encontravam, jantamos e jogamos conversa fora, depois subimos para seu quarto, ela me disse que precisava conversar sério comigo, e minhas pernas já bambearam aí.
Não sou boa com palavras, e ela era incrível, isso me deixava um pouco mal às vezes... Dona de belos olhos verdes, loira, baixinha, com um sorriso perfeito, ela me parecia um anjo. Eu, no entanto, não tinha nada de muito interessante, mas era ótima quando o assunto era conquistar alguém que eu realmente queria comigo.
Assim que chegamos em seu quarto, ela já foi logo dizendo pra eu deixar de bobagem e me sentar, eu não entendi bem, então ela disse que o assunto sério era que ela passou no vestibular e ia começar a cursar Veterinária, uma área que sempre gostou, num campus próximo ao meu. Eu não sabia se tinha gostado ou não da ideia, mas estava feliz porque ela estava feliz. E isso me bastava.
No dia seguinte, sugeri de sairmos pra almoçar e comemorar de forma simples o seu feito, ela topou a ideia, então fiz daquele almoço um almoço incrível. E talvez seja esse meu maior erro, ser sempre "demais".
Com o relógio correndo sempre rápido demais, quando dei por mim já estava na hora de Camila, enfim, começar seu futuro.
Um dia antes das aulas começarem, ela decidiu que dormiria na minha casa, pois seria mais fácil pegar uma carona comigo pela manhã.
- Dá pra andar logo, amor? - Disse ela muito nervosa.
- Já estou indo, acalme-se! - Respondi mais nervosa ainda.
- Estou um pouco ansiosa, não sei como será minha turma, e dizem por aí que faculdade é o melhor momento na vida de muitas pessoas - Explicou Camila.
- Já ouvi dizerem isso, eu, particularmente, não acho nada demais, com o tempo vira rotina e se torna um tédio como o colegial foi - Retruquei.
Peguei as chaves do carro, já estava arrumada e pronta para ir pra faculdade, Camila, no entanto, parecia que ia dar um ataque dentro do carro, não parava um só minuto, estava tão ansiosa que chegava ser contagiante.
- Amor, fica calma - disse ao vê-la trocando as estações de rádio.
- Estou tentando amor! - Camila me respondeu.
Chegando no Campus onde ela estudaria, meu coração, não sei porque, acelerou de tal forma e se contorceu em infinitas voltas dentro de mim, o tipo de sensação que não soa nada bem, senti uma enorme vontade de segurá-la junto a mim, mas antes que eu pudesse fazer ela já estava me roubando um beijo e abrindo acelerada a porta do carro, quando dei por mim ela já estava longe, então segui meu caminho até o Campus onde cursava Arquitetura e Urbanismo.
Horas mais tarde cheguei na casa de Camila para convidá-la pra sair, era Segunda-feira, costumávamos ir no boliche encontrar alguns amigos para tirar a segunda da preguiça da cabeça.
Bati na porta do quarto.
- Entra! - gritou Camila.
Então foi aí que tudo começou...
No caminho antes de chegar até a casa de Camila, comecei a escutar minha excelente playlist no carro, e a música "Refrão de um Bolero" soava em minha mente de uma forma confusa, eu nunca tinha parado para analisar tão milimetricamente uma música, como me distrai para analisar esta, o trecho que ficou gravado em mim foi:
"Eu fui sincero como não se pode ser
E um erro assim, tão vulgar
Nos persegue a noite inteira
E quando acaba a bebedeira
Ele consegue nos achar"
Eu não estava entendendo o que acontecia comigo naquele momento, parece que deixar Camila no Campus mais cedo tinha mexido comigo mais do que eu pensava, mas eu só entenderia os motivos um tempo depois.
Ao entrar no quarto, me deparei com ela conversando com um amigo da faculdade, eles tiveram uma afinidade fora do comum no primeiro dia de aula, eu nunca vi tamanha afinidade pra algumas horas, então ela me explicou que eles já se conheciam bem antes, foram amigos na adolescência e se reencontraram agora para continuar mantendo contato. Camila é bi, o que me deixava com mais ciúmes do que o normal, não importava o quanto eu confiasse nela, eu sempre era insegura por conta de não achar nada em mim interessante, e esse antigo novo amigo dela estava me deixando mais inquieta do que o de costume.
Perguntei a ela se iria no boliche, ela me respondeu que não ia dar porque ia aproveitar pra pôr a conversa com o Rafael em dia, perguntei a ele se não queria vir também, ele disse que preferia ficar ali mesmo, porque já morava poucos quarteirões dali, então ficava mais fácil pra ele ir pra casa quando quisesse.
Saí chateada da casa dela, sei que Camila notou, nunca soube disfarçar meus ciúmes e ela nem sequer me apresentou a ele, acredito que nem tenha dado tempo também.
Fui ao boliche, encontrei meus amigos, nos divertimos e eu distraí a cabeça um pouco, mais tarde li uma mensagem que Camila havia me enviado alguns minutos antes.
"Tem como você parar de ter ciúmes de todo mundo? Parece que você não confia em mim."
Respondi:
"Cara, Camila, não tem como porque o problema aqui sou eu, não sinto ciúmes por não confiar em você, sinto ciúmes por não me achar uma pessoa tão interessante assim."
Segundos depois...
"Ótimo! Então seja ciumenta, só que ele é um amigo de muitos anos e não vou deixar de conversar com ele só porque você sente ciúmes."
Eu:
"Camila, não me importo se conversar com ele, me importo sobre o que conversam, me intriga dizer com tanta propriedade sobre uma amizade sendo que não se falavam há anos, as coisas mudam com o tempo sabia? Você pode até ter a inocência de achar que ele é seu amigo de adolescência e que nada nele mudou, mas vi o jeito o qual ele estava te olhando e não era olhar de amigo, e eu não estou viajando, nem precisa falar que é paranoia minha, porque não é, e eu nunca me engano com as pessoas"
Ela:
"Ok."
Passamos exatos dois dias sem nos falarmos, nem nos vermos, me doía o coração porque eu sabia que eu podia está julgando o Rafael de forma indevida por conta do meu ciúme excessivo, mas eu não tinha errado até então, não tinha o costume de me enganar com as pessoas, principalmente relacionadas a Camila, sempre fui boa de "faro".
No terceiro dia resolvi procurá-la, se tem algo de que me arrependo, certamente está aí.
Conversamos, nos acertamos, passamos uma semana de puro amor, até que ela começou novamente a trocar sms e se encontrar pra conversar com o Rafael, os filmes que eles saíam pra ver com os outros colegas da faculdade era o que mais me irritava, e eu fui engolindo tudo isso, passando por cima de tudo, deixando meu orgulho e ciúme de lado pra ficar com ela, até que...
"Paixão, preciso conversar com você, beijos Rafael."
Recebi o sms enquanto resolvia um problema no celular da Camila, eu não sabia se tinha vontade de chorar ou de arrebentar a cara desse cara. Porque chamar a Camila de paixão? Cadê o respeito com ela e comigo? Deixei o celular já consertado em cima de cama dela, e fui embora sem dizer nada.
"Porque foi embora sem dizer nem uma palavra? O que aconteceu?"
Li o sms de Camila e apenas respondi:
"Liberdade demais soa como falta de respeito às vezes, dependendo da situação, paixão. Sabia?"
Segundos depois ela me ligou e passamos a noite discutindo, até que tive um ato de coragem e decidi terminar, já que era isso que todos os amigos dela da faculdade queriam, e o que o Rafael mais queria. Eu não namorava a Camila como um troféu, a namorava por amá-la, porque a queria comigo o tempo todo, até mesmo nos dias ruins. Mas a vida não funciona assim, e uma hora a maré te derruba.
Três meses se passaram desde então, há um Camila e Rafael começaram a namorar, eu sabia que aconteceria, só não esperava que fosse tão rápido, a notícia me pegou de surpresa de qualquer modo, meu coração se contorceu, chorei noites e fio por conta disso, mas no travesseiro encontrava a companhia de Deus e finalmente dormia.
Recebi uma proposta uma semana depois de uma empresa que queria os meus serviços de estagiária, sempre fui boa no que fazia, e arquitetura era uma paixão, me mudei de cidade, comecei a refazer minha vida, e então meu telefone toca:
- Larissa? - disse Camila.
- Oi - respondi.
- Você tinha razão quanto ao Rafael, e eu sinto muito por não ter entendido antes, ou pelo menos visto, mas acabei gostando dele também e as coisas foram acontecendo e ...
- Nem termina Camila - Interrompi - Continua sua vida ao lado dele, não me deve desculpa nenhuma, você fez sua escolha e eu, consequentemente, fui obrigada a fazer a minha, espero que vocês sejam muito felizes, nunca me enganei com as pessoas, mas me enganei com você, eu podia jurar que você era a certa e seria diferente, mas não foi, foi a pior de todas porque me magoou de tal forma que eu jamais pensaria em fazer o mesmo com alguém, mas mesmo assim estou de pé e respirando, não necessito das duas desculpas pra me sentir melhor, e espero que um dia seja capaz de desculpar a si própria - desliguei o telefone.
Meses mais tarde descobri que o namoro tinha durado pouco mais do que dois meses, eles brigavam muito por ter gostos diferentes e por ele ser tão possessivo quanto eu. Ela me ligou algumas outras vezes mas eu nunca me dei ao trabalho de atender. Ela me magoou e com isso me ensinou que só conhecemos de alguém aquilo que nos permitem conhecer, e eu, com toda certeza, não pretendo mais me enganar tanto e nem querer fazer muito por alguém, quem quer ficar de verdade te respeita e faz por onde te manter por perto, e o simples se torna muito, mas pra quem não quer ficar, qualquer esforço vira nada. E isso é o que hoje ela significa para mim: Nada.
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